o real e a verdade, a realidade e a miragem

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às vezes nos deparamos com situações estranhas ou confusas que nos fazem parar e pensar: isto é real? isto é verdadeiro? isto é correto?

então eu estava pensando sobre a proximidade de significado que adotamos para as palavras “real” e “verdade”, ao menos na Língua Portuguesa, ao menos na minha experiência de vida em ouvir essas duas palavras quase que com o mesmo significado…

não estudei etimologia e nem fui atrás dos dicionários para escrever isto, é apenas uma reflexão que me veio.

o significado de “real”, para mim, até pouco tempo atrás, se associava mais àquilo que está acontecendo, sem sombra de dúvidas, ou seja, a um conjunto de ações e situações que compõem as cenas que se passam em meu entorno e também internamente comigo, as cenas das quais eu faço parte como um ator.

outro significado de “real”, no entanto, pode ser no sentido de rei, de realeza, ou seja, de algo que é elevado, nobre, soberano, justo. (“Fulano é muito real!”)

e o significado de “verdade”, ao meu ver, se associa à clareza total, imune às variações de opiniões, de sentimentos e julgamentos diversos que cada um pode ter, é um caminho que por si só é o correto, ainda que cause algum tipo de sofrimento a um ou outro em ter de admitir sua existência e ainda que eu não o conheça inteiramente, mas sinto de alguma forma que é o correto…

talvez então o que consideramos ser a verdade seja no sentido de realeza, de algo elevado, justo, soberano, acima de todas as divergências… algo Unificador.

e o que consideramos como a realidade, apesar do nome derivar de “real”, seria uma visão distanciada da verdade, da unicidade. Realidade não está associada à realeza, mas sim aos fatos que acontecem de acordo com minha maneira de ver as coisas, que estão diretamente associados à minha atitude mental, à minha percepção… então, da minha percepção é que construo a realidade à minha volta.

a realidade, então, seria como uma miragem… uma visão ofuscada, distorcida da verdade…

e a palavra “realizar” ou “realização”, no sentido ter “encontrado a chave” ou de ter “caído a ficha” para alguma coisa que estava obscura… neste caso essas palavras sim se aproximam da verdade única, pois houve a experiência de preenchimento interior.

resumindo o que concluí neste momento:
a realidade é minha criação
a verdade, simplesmente é por ela mesma
o realizar-se é o encontrar-se com a verdade

pensei sobre o próprio design, como estudei fiz a relação
design vem de designio, que significa o motivo para a qual alguma coisa foi projetada
diz-se no design que há o objeto (o real, o verdadeiro, por exemplo, uma cadeira) e há o significado do objeto (que varia de acordo com os referenciais de cada um que vê a cadeira e da maneira como ela foi criada/projetada, levando-se em conta a estética, a funcionalidade, o status…)

IMG_0109.JPG

então o design cria uma realidade, tornando o objeto real envolto em um véu de referências diversas, causando no observador uma “realidade” ou uma “miragem”, que o atrai ou o repulsa, de acordo com seus referenciais guardados na memória.

portanto, em nossa vida, o que é a verdade, e o que é a miragem?
nos resta as realizações para distinguir.

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