Nem sempre é fácil olhar para mim mesmo no espelho da honestidade.
Os olhos e a percepção podem não estar ainda tão acurados para ver tudo.
Às vezes há um certo medo em me conhecer com profundidade, em ver as próprias fraquezas, porque elas estão mescladas, mascaradas com a identidade que criei para mim e assumi ao longo da vida.
Foi através desta identidade que construí valores, atitudes, histórias, memórias, relacionamentos…
Ao olhar nesse espelho interior de honestidade talvez haja o medo de ver a própria imagem se despedaçar. E talvez esse medo exista justamente porque há uma intuição verdadeira de que em algum momento tudo irá se despedaçar, ou como dizem, a máscara irá cair. Há também esse registro, essa memória gravada na alma, de que a falsidade um dia será descoberta.
Ter misericórdia de mim mesmo, considerar as condições nas quais me encontro e não me colocar em situações que prejudiquem a minha integridade espiritual. Ser amigo de mim… é o primeiro passo de me conhecer como sou de verdade e não me auto-enganar por exemplo pensando ter habilidades que eu não tenho.
A lógica pela qual me baseio para justificar certas atitudes pode estar totalmente ancorada em uma consciência muito limitada, ou em uma “visão quadrada”. Explicar demais, pensar demais, justificar-me demais sinaliza que a situação real em si está bastante oculta sob véus exuberantes e atraentes que compõem um cenário bastante elaborado para um drama épico!
Assim, este cenário e os figurinos e máscaras utilizados tornam-se bastante convincentes e me “puxam” de tal modo que, a partir de ser um expectador na plateia (alguém que vê as cenas mas não se desgasta com elas) passo ao palco interpretando um papel (totalmente envolvido emocionalmente nas diversas situações).
Como expectador a visão seria ampla. Como um personagem, a visão tornaria-se limitada ao próprio papel, à própria posição no palco (as crenças e maneiras de pensar que cada um carrega em si).
Um olhar honesto sobre mim mesmo seria como ora subir ao palco e ora descer e somente assistir à peça, assim, vivendo a vida, mas intercalando com pausas (reflexão, conversa comigo mesmo) para ver de forma desapegada “o todo” no qual estou inserido como personagem.
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