desacelerar e observar o eu

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É necessário uma pausa no dia para se soltar do movimento constante dos quais as nossas atuações no mundo exigem.

A cada momento estamos tendo algo para fazer, seja em casa ou no trabalho, sozinho ou em um grupo, estamos usando mossa mente para gerar respostas ou para criar situações novas com as coisas, com as pessoas, com o ambiente.

Esse constante criar e interagir acaba por condicionar nossa percepção, ou bitolar nossa maneira de pensar. Usamos os objetos e as pessoas como se fossem extensões de nosso corpo e mente, acabamos por ramificar ou dividir a nossa energia. É como se compararmos a energia de uma semente à de uma árvore que se originou daquela semente: em algum momento perdemos o controle das situações e nos enroscamos em nossos próprios “galhos”, nos esquecendo de nossa própria história e origem.

Reduzir a velocidade dos movimentos da mente através de pequenas pausas ao longo do dia, propiciam que a “poeira” vá se assentando e que a percepção vá se tornando mais clara, mais limpa, tornando-o capaz de se aproximar de sua fase mais pura, mais original, como se a árvore começasse a produzir novas sementes.

As pausas e o observar da própria mente são exercícios de desapego ou de percepção de que o “eu” é separado, ou seja, pode existir independentemente de ter ou de não ter certas coisas, de estar ou de não estar em companhia de certas pessoas e de estar ou não estar interagindo em determinado espaço físico. O eu verdadeiro é aquele que se mantém consciente e “vivo” independentemente das mudanças do que é externo a ele, de tudo o que nunca foi “seu” de verdade.

Essa coragem em experimentar a si mesmo como separado de coisas, pessoas, ambientes e até mesmo, de forma profunda, separado dos próprios pensamentos, traz uma perspectiva de vida muito nova: visão mais ampla sobre as situações e as pessoas (não julgando e sabendo ver a circunstância toda que engloba cada um, ou seja, o antes e o depois do momento presente), leveza na mente e nas ações, experimentar o próprio estágio de pureza, como uma visão inocente sobre tudo…

Somente podemos observar aquilo que de alguma forma está sob nosso campo de visão, ou, falando em termos de observação de si mesmo, o que esteja em nosso campo de percepção… aquilo que somos capazes de “ver” a partir de nosso intelecto, de nossa inteligência. Em ambos os casos, é necessário um descolamento entre aquele que observa (o intelecto) e aquele que é observado (a mente).

Para experimentar essa “separação” ou distinção existente no próprio eu, algum tipo de pausa se faz necessária, pois em alta velocidade tudo parece ser uma coisa só, assim como um catavento, que quando girando não parece ser formado por várias hélices coloridas, mas por uma superfície de uma única cor.

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