Um salto perceptivo – Desenvolvendo um olhar de esperança

Written by:

Uma vez perguntei a dois alunos que estavam no curso de meditação se acreditavam que o caráter das pessoas podia mudar de mau para bom. Ambos disseram não acreditar. Ambos eram bem jovens, um rapaz e uma moça.

Já fiz essa pergunta a outras pessoas, de diferentes idades e em diferentes contextos, e ouvi muitos “nãos” também.

guilt

Sempre acreditei que as pessoas pudessem, sim, se transformar. O principal motivo para eu acreditar nisto era observar as minhas próprias mudanças. Percebia que eu mudava atitudes, mudava comportamentos e mudava de opinião conforme o tempo passava. Então, foi fácil aceitar que a mudança seria possível também para as outras pessoas. Outro motivo que me fazia acreditar nisto eram exemplos de vidas transformadas que eu lia nas notícias e em biografias.

Passei a entender que se uma pessoa age com um caráter negativo é porque está sob má influência – e com isso não quero dizer que ela não tenha responsabilidade sobre o que faz, mas apenas que ela está sob um véu interior que a afasta de si mesma, de sua essência boa e positiva.

Cada um de nós afastou-se, em diferentes medidas, da própria essência. Mas acredito que todos voltarão a ser como foram. Isso não é somente uma crença, mas constatação real e parte de um conhecimento muito profundo que se chama Raja Yoga.

Observando as experiências que já tive de autotransformação, procurei resumir o passo a passo dessa jornada, que é totalmente interior, ou seja, ao nível da consciência:

  1. Há uma auto percepção de que a maneira de pensar e de agir (ou o “jeito de ser”) não está trazendo muitos ganhos (felicidade, prosperidade, leveza, liberdade…), ou seja, não está fazendo muito bem, mas sim causando muito prejuízo (mágoa, tristeza, desperdício, culpa, dor, cansaço, dúvidas…);
  2. Surge um desejo interno por interromper esse caminho de constante perda e caminhar em outra direção, ou seja, surge a vontade de fazer algo realmente diferente e que traga bons resultados;
  3. Inicia-se a busca por soluções: através de compartilhar da situação com outras pessoas, através de buscar livros sobre o assunto, ajuda profissional de um psicólogo, caminhos alternativos, curas espirituais etc;
  4. Os métodos encontrados na jornada de busca vão sendo adaptados e testados, possibilitando desempenhar dois papéis ao mesmo tempo: de um cientista que realiza testes e de um cobaia que se dispõe a experimentar cada método, reagindo de diversas maneiras;
  5. Verifica-se e valoriza-se pontos fortes que antes não eram visíveis, como coragem, determinação e persistência, fortalecendo a fé de que haverá sucesso;
  6. Presta-se atenção a quais métodos estão dando os resultados mais próximos ao que se espera obter e, aqueles que não funcionam são descartados. Cada pequeno “fruto” de mudança obtido nesta fase motiva a prosseguir as experiências;
  7. As mudanças tornam-se mais e mais frequentes, conforme eu permito, e um novo “eu” vai tomando forma, ganhando força e deixando aquele antigo “eu” para trás, no passado. Esse processo de “trocar a pele” do eu é um desafio interior de largar e avançar, largando sentimento de culpa, largando o medo e largando o desejo de retornar à “pele velha” e avançando sempre para frente;
  8. Percebe-se que internamente há mais estabilidade, contentamento, felicidade. Uma olhada ao redor mostrará que há muitos passando por situações semelhantes. Há força e disponibilidade agora para cooperar;
  9. A energia que se movimenta no entorno passa a ser de melhor qualidade, positiva e poderosa. A energia de transformação conjunta fortalece o grupo a partir de fortalecer cada indivíduo;
  10. Muita felicidade é recebida ao dar-se conta de que a transformação se deve pela atuação do ser, da consciência, do espírito, da alma… O espírito é aquele que está acima das questões limitadas e que, portanto, aproxima-se de um estágio altruísta e elevado, como o de seres iluminados, como anjos divinos.

Retornando aos exemplos que abriram este texto, há uma influência muito grande que exercemos sobre alguém (e sobre nós mesmos) ao pensarmos que uma transformação é impossível ou improvável, pois joga-se uma energia negativa que pode “sufocar” ou obscurecer a alma.

É importante desenvolvermos a capacidade de ver sempre o que há de bom, mesmo que esteja pouco visível… É a nossa capacidade de ver o positivo, de criar esperança sobre a transformação (para melhor) do eu e dos outros que poderá abrir caminho para a “luz” entrar. Se a energia for de bloqueio, culpando, apontando o dedo, falando mal e reduzindo o valor, esta é a energia que me permeará e que me afundará ainda mais.

Não sei você, leitor, se acredita em mudança de caráter, se quiser, deixe um comentário neste post para eu conhecer sua opinião.

Kindness-Vidya-Sury-2

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Latest Articles