Acabei de abrir um livro interessante em um capítulo que me deu vontade de compartilhar. Neste momento não irei comentar ou opinar, apenas transcrever.
O livro chama-se “O Poder dos Limites – Harmonias e proporções na Natureza, Arte e Arquitetura”, de György Doczi.
“Capítulo VIII – Sabedoria e Conhecimento
As artes de viver orientais e ocidentais
Entre as necessidades essenciais para transformar a mera sobrevivência em arte de viver, nada talvez seja mais importante que a sabedoria e o conhecimento. Em um certo sentido, quase não se consegue distinguir essas duas aptidões humanas; por outro lado, são pólos opostos. Sabedoria é juntar, conhecimento é separar. Sabedoria sintetiza e integra, conhecimento analisa e diferencia. Sabedoria vê apenas com os olhos da mente; ela vislumbra relacionamentos, totalidade, unidade. Conhecimento aceita apenas aquilo que pode ser verificado pelos sentidos; ele apreende apenas o específico e o diferente.
Essas duas palavras têm origem indo-européia. Conhecimento vem do verbo gno, conhecer que de forma mais direta originou a palavra gnose, também significando conhecimento.
Sabedoria, em inglês, é wisdom, que vem do verbo weid, ver, a mesma raiz das palavras visão e veda. Esta última denomina antigos e sagrados ensinamentos e significa literalmente “eu vi”.
Tanto sabedoria quanto conhecimento são baseados na experiência, e a sabedoria ainda mais que o conhecimento. Este retém, muitas vezes, a experiência através do filtro do pensamento conceitual, quase sempre jogando fora as sementes da vida. Ao contrário, a sabedoria muitas vezes fala por imagens, símbolos, paradoxos ou mesmo enigmas.
Pode-se dizer que a grandiosidade do Oriente advêm de sua dedicação à sabedoria, enquanto que o Ocidente se tem concentrado, particularmente nos últimos séculos, no conhecimento. Essa ênfase do Ocidente dada ao conhecimento trouxe o florescimento fenomenal da ciência da tecnologia mas, infelizmente, não conseguiu desenvolver da mesma forma a sabedoria. Apesar de não faltar ao Ocidente raízes culturais plenas de uma sabedoria ancestral própria. Mas conhecimento e sabedoria são diferenças dinérgicas essenciais que deveriam complementar-se. Uma reação dinérgica para suprir nosso atual desequilíbrio é o crescente interesse no Ocidente pelos ensinamentos do Oriente.”
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