Hoje, por um instante senti uma irritação se formando dentro de mim. Começou por uma rejeição à ação de uma pessoa que estava próxima.
Eu senti aquilo, mas, sabendo que a raiva contraria a espiritualidade, no segundo seguinte a observei e trouxe à minha mente o motivo de sua formação. Não era a ação da outra pessoa em si, mas o julgamento que fiz de acordo com meu entendimento sobre aquela ação ser correta ou incorreta. Esse julgamento criou a faísca, mas o que começou a dar combustível para a irritação foi uma incapacidade de ver com neutralidade tudo aquilo. Esse olhar levou digamos mais um ou dois segundos, quando simplesmente me permiti distanciar e aceitar a situação que se formava a minha frente, me desprendendo dela. Nesse momento, encerrou-se o combustível e coloquei ponto final ao sentimento de rejeição.
O movimento de autocontrole, se por um lado é percebido como um acionamento rápido que evita a um pensamento tornar-se palavra ou ação, por outro lado só é possível ao “mergulhar” profundamente nas nuances da própria mente, tornando-me capaz de ver os detalhes de cada engrenagem interna, ou seja, o que deu a faísca e o que deu o combustível para um fogo iniciar.
E as experiências que tenho feito comigo em diversas situações me mostram que só quando me posiciono com um coração muito limpo, ou seja, desprovido de ego, de máscaras, e capaz de admitir que eu mesmo é que permiti o início de cada um desses “fogos”, só quando me posiciono com verdade para mim mesmo é que sou capaz de me compreender e de exercer um autocontrole. Inicia com a compreensão e aceitação de que dei um passo na direção errada à verdade da minha essência.
Em situações que criam a faísca, é a fé que tenho de que o meu ser é independente de violência que me permite não dar combustível à faísca…
Essa fé está baseada em me compreender como um ser espiritual que está tendo oportunidade de viver em um corpo físico neste mundo físico… Espiritual significa além de peso, transcendência, elevação…
Espiritual também é Deus.
Quando me aceito como um ser espiritual, me aceito como um filho de Deus, como semelhante à Sua natureza.
E Deus, para quê precisaria sentir raiva de alguém? Se Ele não depende de outros, pois é preenchido de virtudes…
Então, eu não me considero Deus, mas filho Dele e, como tal, herdeiro das Suas virtudes, de seu poder espiritual… Devo então ser capaz de domar os cavalos da mente e dos sentidos físicos do corpo como um ser real, verdadeiro… e domar com amor, não com punições ou violência.
Me percebendo desta maneira, conseguirei ver aos outros também com essa mesma natureza de luz e tratá-los com respeito e amor, ainda que não receba consideração deles.
A luz, quando acesa, por si mesma não é capaz de se esconder de um e de outro, iluminando mais a um e menos a outro. São anteparos e limites colocados diante dela que criam sombras… e esses obstáculos, por incrível que pareça, são colocados por nossa própria ordem por um ou outro motivo relacionado ao engano, às ilusões…


























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