Calar e criticar. Duas faces da mesma moeda?

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É muito esperado que desenvolvamos um “olhar crítico”, ou um “senso crítico”, que reivindiquemos quando algo toma rumos diferentes do que se julgava ser o rumo correto.

Àquele que silencia, é dito “quem cala, consente”, que é alienado, tonto.

Confesso que já expressei as duas personalidades, em seus extremos, em diferentes fases da minha vida.

O que senti ao calar

Primeiro, que quem cala nem sempre consente com o que está acontecendo.

Aquele que cala pode não estar totalmente seguro para dar uma resposta à situação e, então, prefere amadurecer melhor sobre o assunto.

Quem cala pode estar com medo de se expressar, pois já passou por algum tipo de repreensão, ou humilhação, anteriormente. Devido à não ter sido uma experiência agradável, aquele que prefere calar não quer arriscar-se ao mesmo sofrimento.

Talvez o que cala esteja se dando conta de que os conceitos que costumava ter sobre um fato já não estejam mais fazendo tanto sentido agora. Assim, internamente, ele se dá o tempo necessário para reavaliar, reprocessar e renovar suas próprias percepções e opiniões.

E ao criticar

Em outro extremo, o crítico. A atitude crítica toma força ao deparar-se com um incômodo a frente, mas a postura é de ataque, e não de defensiva, como muitas vezes é ao calar-se.

Encontrar uma opinião diferente da que costumo ter, um acontecimento que ultrapassa os limites de meu entendimento, ou mesmo qualquer pequena diferença, seja ela física ou intelectual, sobre a qual meu olhar recaia, mesmo que minimamente. Todos estes podem se tornarm gatilhos para o “sangue” começar a ferver.

A atitude crítica alimenta-se de mais crítica e portanto, nunca se dá por satisfeita, tem de buscar novas fontes a serem criticadas, uma após a outra. Há o vício de preencher a mente com pensamentos que sustentem uma auto-identidade heróica, moralista e correta.

Criticar não resolve nada. No entanto é a crença de que, “sim, resolve” que sustenta essa atitude.

A crítica vem de uma energia difamatória, baseada em reduzir o valor do outro. Como as coisas podem se resolver desse modo? Criticar, seja por meio de pensamentos ou de palavras, é como atirar pedras. Alguém que é apedrejado fica impossibilitado de se levantar.

Há um poder negativo que retorna. É como se bloqueasse minha percepção quanto aos aspectos positivos daquela mesma situação ou pessoa. Me julgo esperto e o outro então não vale nada.

Ao reduzir o outro, reduzo a mim em primeiro lugar. Demonstro não estar me vendo de forma tão ampla.

Silêncio e Discernimento

designed by freepik.comQue o silêncio não seja vazio ou carregado de medo. Que possamos perceber a diferença entre discernir e criticar. Que haja equilíbrio e sabedoria em nossas atitudes.

Que o silêncio seja porque decidiu-se não prolongar mais um assunto desnecessariamente e sim deixar extravasar bons sentimentos a partir da alma.

Que a critica transforme-se em espelho, mostrando ao que critica o que deve ser reavaliado em si mesmo.

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