A atitude de manter-se em silêncio pode ter diferentes razões. O silêncio das palavras pode indicar desde a serenidade, até o medo em se expor.
Me motivei a escrever sobre isto pois eu costumo ter preferência ao silêncio e percebi ao longo da vida que o silêncio incomoda alguns. Manter-se em silêncio quando se está entre pessoas que dizem coisas agressivas ou sem valor é minha ferramenta de não me misturar àquilo. Por que incomoda? Porque quando há silêncio o som emitido por alguém ressoa em seus próprios ouvidos, é como se encontrasse um espelho, uma superfície que não absorve, mas reflete totalmente o que se passa à sua frente.
Quando optamos pelo silêncio podem nos considerar omissos, indiferentes, apáticos ou ignorantes. Desta forma, optar por não dar seu voto de confiança a um ou a outro oponente recebe rapidamente a tarja de “ficar em cima do muro”.
Costumo deixar uma abertura para ser guiada na jornada da minha vida. Então, ao ser convidada para um bate-papo com estudantes de uma escola de Ensino Médio, pedi que o professor que fez o convite me sugerisse o tema. Ele sugeriu “Empatia”. Como eu não sabia exatamente o significado, fui buscar, e achei definições interessantes, copio a seguir uma que demonstra a etimologia da palavra e de outras semelhantes:
O vocábulo grego pathos pode ser definido como todos os sentimentos que uma pessoa experimenta: sofrimento, paixão, tristeza, ira, doença.
Os gregos antepunham o prefixo syn– (com) para formar sympatheia, que significa “sofrer juntos” ou, mais genericamente, “experimentar juntos um sentimento e comparti-lo, que nos chegou como simpatia.
Com o prefixo en– forma-se empatheia, entendida como a capacidade de uma pessoa de pôr-se no lugar de outra, de participar afetivamente no que a outra sente. Empatia tem, pois, um significado próximo ao de simpatia.
O contrário de sympatheia era antipatheia, palavra formada com o prefixo anti– (contra), que nos chegou como antipatia.
Se antepomos o prefixo negativo a-, temos apatia, falta de interesse na outra pessoa.
Fonte: elcastellano.org In: https://patrialais.blogspot.com/2015/10/etimologia-empatia.html
Isso me fez pensar sobre minhas atitudes. Me fez olhar com mais atenção sobre o meu estado interior quando estou em silêncio. Enquanto em silêncio diante de uma situação conflituosa que se passa a minha frente, isso não quer dizer que eu não esteja me importando, ou que eu esteja desejando o mal de alguém. Posso permanecer em silêncio, mas em um estado interno de paz e emitindo esse tipo de vibração, que alcance a consciência dos envolvidos no conflito, ainda que de modo muito sutil.
Estar em silêncio não significa necessariamente estar “tramando” alguma coisa, mas sim decodificando, ressignificando o que se vê, em outras palavras, extraindo um aprendizado daquela situação.
Me veio a possibilidade de uma nova palavra: OMPATIA, sendo: Om– (do hindi) significando o “ser” a essência consciente de cada ser humano. Seria algo como ir para além dos sentimentos e se conectar à essência de cada um, àquilo que nos assemelha, o simples fato de sermos seres vivos e conscientes, antes mesmo de emitir qualquer tipo de sentimento (positivos ou negativos).
E aí outro insight que me veio ontem, totalmente ao acaso, ao subir a escada rolante do metrô. Leia várias vezes se necessário até chegar à essência do que cada frase significa. Podemos ser om?
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