Um dia, após ter feito a primeira meditação do dia, ainda com o céu escuro, preparei um café e fui tomar na sala. Notei que o céu estava dando os primeiros sinais do amanhecer mas, como ainda estava escuro, acendi a luz. Imediatamente então se foi toda a poesia daquele momento raro do dia. Apaguei a luz novamente e vi que o céu já tinha mais algumas cores.
Me veio o pensamento: “o quanto perdemos da beleza natural das coisas, e das pessoas também, ao interferirmos com ‘luzes’ artificiais?”
Em nosso espaço interior, por onde circulam pensamentos e sentimentos, se acendemos a luz de desejos, expectativas, fama, e nos deixarmos levar por uma promessa de sucesso fácil, como é que a luz interior da nossa inocência, alegria e bondade irá aparecer?
Se nossa consciência está dependente do corpo, das posses, do status, etc, então o verdadeiro eu fica sufocado, soterrado por tudo o que se criou por cima dele.
Então é sempre bom se verificar com relação a qual luz eu estou mantendo acesa: a luz espiritual pode ser mais singela, pode passar por seu ciclo como o dia e a noite, mas, mesmo ofuscada pela luz artificial, jamais se extingue.
No dia-a-dia nem sempre ouvimos nossa mente, nem sempre analisamos com cuidado e profundidade antes de tomarmos uma decisão. Muitas vezes pensamos, sentimos, julgamos e seguimos de modo acelerado, sem pausas. E é assim que a luz natural do “eu” vai ficando encoberta… nós inventamos mil maneiras de reparar situações mas sempre surgem novas a serem remendadas, e isso toma tempo e energia… nos esquecemos de que a solução começa ao acessarmos a nossa luz interior, da consciência, para conseguir ver com clareza o que se deve deixar de fazer para não aumentar o emaranhado de problemas e que ponto exato puxar para desfazer os nós.
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