
Neste (longo) período de pandemia nos quais muitos de nós permanecemos mais tempo a sós ou recolhidos nas próprias casas, percebi, no início, a atuação da memória, com pensamentos que se dirigiam a lugares antes frequentados e a pessoas com quem eu convivia diariamente. Surgiam os questionamentos: “como será que estão?” ou “será que irei novamente àqueles locais?”.
Ao longo do ano, e passadas diversas fases – desde as maiores restrições até flexibilizações de circulação -, aprendi a aceitar gradualmente as mudanças de rotina e dos modos de interagir (cada vez mais virtuais). Se de início houve muita resistência e a crença de que aquilo logo passaria, agora consigo aceitar que são mudanças definitivas e que estão nos mostrando nosso futuro: quem não sonhava com uma vida mais simples em termos de mobilidade, morando em uma grande cidade como São Paulo? Acredito que todos sentiam falta de estar mais próximos aos familiares e conviver com eles ao longo da semana. E o que dizer da alimentação caseira?
É claro que a situação de calamidade também trouxe oportunidades para utilizar o tempo de outras maneiras. Também sabemos que muitos estão enfrentando desafios, tornando-se super atarefados em seus próprios lares, ou em dificuldades financeiras e de trabalho. O cenário de insegurança mundial nos despertou para a urgente necessidade de abandonarmos os excessos em vários sentidos, como no uso do tempo e do dinheiro. Assim, estamos nos dirigindo ao que é verdadeiramente necessário e essencial.
Hoje tenho conseguido fazer mais pausas e refletir com profundidade sobre os acontecimentos, o que me afasta naturalmente da criação de pensamentos de preocupação. Não temos porque gastar energia nos colocando contra as situações, já que isso nos encolhe, nos desgasta. O que o momento nos pede agora é mais calma interior, doses de amorosidade e muita fé.
São recursos internos como estes que jamais poderão ser adquiridos com dinheiro. Se tenho só um pouco de fé, que eu continue cultivando-a para que cresça. Se há apenas algumas gotinhas de amor, então que eu as respingue por aí para que em breve torne-se um oceano! É necessário usarmos nossos recursos espirituais internos para que eles frutifiquem!
Tenho observado o quanto a meditação, o autoconhecimento e a espiritualidade me trazem de benefícios e de fortalecimento nesse período. Sei o que está acontecendo no mundo de modo geral, mas tomo o cuidado para que nada me desequilibre.
Em momentos conturbados como este, em que tudo parece estar frágil, é muito fácil ser abalado e arrastado pelo medo e tristeza. A espiritualidade e o constante cuidado mental nos fortalecem para seguirmos em frente.
Deixe um comentário