o nascer da “minha” natureza – I

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Já há algum tempo com a percepção de que há um desequilíbrio na maneira como o mundo está se movendo, de que afeta negativamente aos meus sentimentos, saúde e relacionamentos, iniciei um vagar da mente em busca das causas e das soluções para isto.

[Procurarei falar em mais de uma postagem sobre a relação entre a natureza interior e a exterior.]

O ÓBVIO

De início as causas parecem óbvias, “o ser humano, em atitude gananciosa, com o passar do tempo passou a se sentir como um ‘deus’ e a tomar posse e modificar o curso natural dos acontecimentos, não se contentando com o que a natureza lhe oferecia em sua pureza…”

COMPLEXIDADE

Eu mesma imaginava que em um passado longínquo, nos primórdios da humanidade, vivíamos em perfeita harmonia com a natureza e os animais, talvez vivendo nus como os índios, sem quaisquer preocupações… Me perguntava se seria possível voltar a este estágio… e, conforme fui crescendo, fui me dando conta que não é bem assim… fui tendo conhecimento de como a situação de carência, tristeza, destruição e desrespeito estão onipresentes no mundo hoje, mais do que nunca… em vários níveis, em grandes proporções e muitas vezes ocultados sob véus de interesses políticos e econômicos. Me dei conta da complexidade do mundo e da minha incapacidade de compreendê-lo.

CUIDAR DE MIM

Minha saída foi buscar “viver a minha vida” da melhor maneira possível, fazendo o que me fazia bem e criando uma harmonia com aqueles em meu entorno.
Percebi que o alívio para esta opressão que eu vinha sentindo com relação ao mundo somente aparecia quando eu mergulhava em alguma atividade que me trouxesse benefício verdadeiro, ou seja, que ao me beneficiar, também beneficiava aos outros, não causando perdas ou mágoas a ninguém. Eu encontrava este alívio em atividades como desenho, escrita, jardinagem, conserto de objetos, ouvir música, caminhar, estar com amigos, permacer em silêncio e meditar…

AFINAL, “QUEM” É O MUNDO?

Afinal, se pensarmos, qual opressão o mundo nos coloca, de verdade? Em primeiro lugar, “o mundo” trata-se de alguém? Alguém com vida, e capaz de fazer uma ação?
Convido você a pensar sobre isto… Talvez a palavra “MUNDO” represente uma lente de aumento que cada um de nós aponta sobre a própria MENTE. O mundo que vemos, se nos parecesse opressor ou não, teria a ver com a maneira como está nosso interior… se nos sentimos suprimidos e sofridos, talvez estejamos sentindo falta de algo muito bom que já tivemos. Neste caso, a realidade que vemos e na qual convivemos apenas nos mostra a que ponto chegamos de nosso esvaziamento interno. Por isso cada um percebe o mundo de uma maneira diferente… para alguns está, ainda, tudo bem… para outros, está tudo a beira de um desastre.
É claro que há interferências dos mundos criados nas mentes de cada um… então, nossos sentimentos podem ser alterados se estamos um pouco frágeis, inseguros ou desatentos ao próprio interior, pois permitimos que as ações, palavras e vibrações dos outros nos atinjam.

RETORNO À NATUREZA…

Nós, seres humanos, não podemos viver no mundo sem um corpo físico, certo? Através de nosso corpo interagimos como todo o mundo físico, o qual chamamos de Natureza.
Diante das destruições de florestas, da extinção de espécies animais, poluição de rios, oceanos e do ar… muitos de nós sofremos nas dimensões de saúde física, mental, emocional e espiritual. Sentimos que a natureza física do mundo está “deixando de ser”… e em nosso horizonte apontam maus presságios relacionados à morte em massa, ao sofrimento por fome e doenças, às ações violentas por competição de territórios, alimentos, posses…
Surge um desejo imenso de reorganizar tudo o quanto possível para dar chance à novamente termos uma vida saudável, feliz, pacífica.
Queremos um retorno à natureza. Mas que natureza é esta?
Usamos a palavra NATUREZA não somente para designar as plantas, os minerais e animais, mas quando nos referimos às características que fazem parte das pessoas, como que a maneira de ser própria de cada um, o caráter, a personalidade: “É da natureza dele ser generoso”; “Fulana é naturalmente alegre”, ou ainda “É natural que nos sentimos com raiva quando alguém diz tal coisa…”

A “NATUREZA NATURAL” E A “NATUREZA ADQUIRIDA”

Nos casos acima, é como se disséssemos que as características que trazem bem-estar ou mal-estar já fazem parte do ser-humano desde sempre, e que sempre será assim, que sempre expressaremos uma mescla de dualidade…
Se observarmos as histórias das mitologias há dualidades, embates entre dois tipos de intenções e uma profunda valorização de um herói, aquele que passa corajosamente por todas as dualidades em direção a um objetivo muito elevado, que seja, alcançar a imortalidade, salvar alguém, alcançar um estágio espiritual além do físico… o desejo de alcançar o que parece inalcançável, de tornar-se correto e perfeito está presente em nosso imaginário a nível mundial.
Quem sabe se esse desejo interno por viver em um mundo mais limpo, organizado, agradável e justo esteja relacionado a algum momento nosso que ficou lá para trás, em um passado longínquo de outros nascimentos que já tivemos…? Será que essas memórias guardadas no fundo do baú estão voltando a aparecer, devido a estarmos em um momento auspicioso da História?

2 respostas para “o nascer da “minha” natureza – I”

  1. Avatar de projetandosaberes
    projetandosaberes

    Excelente artigo! Parabéns!

    1. Avatar de almadesperta
      almadesperta

      Muito obrigada!

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