Quando me lembro de tempestades, vem à mente aquelas chuvas fortes, com grande quantidade de água caindo e correndo nas vias… o céu escurece de uma hora para outra, não importando se estava um céu azul com sol… durante as tempestades há ventos fortes e às vezes de várias direções e também relâmpagos e trovões…
Imagine esse cenário todo adaptado para o nosso estado interior. Uma tempestade de emoções ou pensamentos que transforma o nosso humor e estado de ser do oito ao oitenta.
A tempestade de pensamentos
Acontece quando há um fluxo de muitos pensamentos negativos e inúteis, relacionados ao medo, ansiedade, especulações ou dúvidas, por exemplo.
Quanto mais eu der atenção a eles, mais tornam-se recorrentes e tomam força. Quando isso acontece, é como se eu colocasse um véu em minha frente, ofuscando minha percepção.
Pensar muito já indica que estou mais conectado ao que há “fora” do que ao que há “dentro” de mim.
A tempestade de emoções
Tem a ver com a oscilação do meu humor, como os acessos de raiva, as crises de choro, o nervosismo e até mesmo o pânico. Ao ver-me diante de situações inesperadas ou incomuns, surgem reações emocionais incontroláveis, que podem me fazer parecer “outra pessoa”.
A tempestade de situações
São aqueles momentos nos quais tudo parece acontecer “junto, ao mesmo tempo e agora”, sabe como é? Tudo parece estar desfavorável ou contra nós, parece que uma nuvem escura resolveu ficar sobre a nossa cabeça sem qualquer motivo.
A tendência é vitimizar-se e/ou apontar o dedo em busca dos culpados.
Dois exemplos de tempestades reais
Vou contar dois momentos em que estive em meio a tempestades reais, e quero dizer físicas mesmo, com muita água, céu escuro e trovoadas.
No primeiro eu estava dentro de uma lotação e a tempestade começou um pouco depois que entrei. Estava perto de casa, mas o trânsito parou completamente em uma via que sempre alaga bastante. O primeiro veículo da fila era um ônibus grande, que não conseguiu atravessar o cruzamento a tempo, ficando bem no meio de uma área já alagada. Como a chuva não parava a água foi subindo e subindo e eu já fui imaginando o que ia acontecer: “a água vai subir tanto e já já vai entrar aqui na lotação… todos vão querer sair ao mesmo tempo e vamos ter de nadar, ou subir no teto…” e minha imaginação foi bem longe! No fim, a chuva foi parando e aos poucos a água escoou e os carros seguiram.
Na segunda vez, eu estava a pé, a caminho de um encontro de meditação, e novamente, me aproximava de uma área bem perigosa com risco de alagamento, quando a tempestade veio com toda a força. Desta vez eu não fiquei desesperada ou preocupada, simplesmente achei melhor ficar onde estava. Me encolhi na porta de entrada de uma casa, única área coberta próxima e fiquei ali, observando toda aquela água correr, sentindo o ar esfriar e todo aquele barulho de trovões. Aos poucos foi diminuindo, parando e eu pude prosseguir. Cheguei na aula encharcada, mas tranquila.
A diferença entre as duas reações acima demonstra que não é necessariamente a situação externa que determina o grau de perigo, dificuldade ou confusão. É de acordo com o meu estado interno que julgarei tudo como fácil ou difícil, claro ou confuso, aprendizado ou obstáculo.
Viver em paz em meio às tempestades
Vai depender de alguns fatores que, acredito, podem ser sempre treinados e melhorados:
⁃ FÉ: de que tudo tem um motivo preciso para estar acontecendo e que, portanto, é o melhor que poderia estar acontecendo agora. A situação terminará em algum momento e sairei ileso.
⁃ CONHECIMENTO DA LEI DO KARMA: para toda a ação realizada, há uma reação correspondente.
⁃ PODER INTERIOR: não basta entender racionalmente, é importante ter um estoque de poder interior que possa ser utilizado nas horas de necessidade.
⁃ INTROVERSÃO / FOCO NO EU: foco na experiência de paz interior, nas qualidades essenciais, eternas, as mais profundas.
⁃ PUREZA no intelecto e AMOR no relacionamento com Deus, a Fonte de Poder.
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